painel de controle: abril 2010

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O Fim da Alta Fidelidade

Robert Levine


No auge da era do MP3, a qualidade do som fica cada vez pior


Foto: Ben Clark
O produtor Rob Cavallo em seu estúdio, em L.A.
O produtor Rob Cavallo em seu estúdio, em L.A.
David Bendeth, produtor que trabalha com bandas como Hawthorne Heights e Paramore, sabe que os discos que faz acabam sendo ouvidos através de pequenas caixas de computador enquanto os fãs navegam na internet. Assim, ele não se surpreende quando as gravadoras pedem para que os engenheiros de masterização aumentem bastante o nível do som, de forma que até as partes mais suaves das músicas fiquem altas.

Na última década e meia, uma revolução na tecnologia de gravação mudou a forma como álbuns são produzidos, mixados e masterizados - quase sempre para pior. "Eles querem que os álbuns fiquem mais altos para conquistar a atenção [dos ouvintes]", diz Bendeth. Os engenheiros fazem isso através da aplicação da compressão dinâmica, que reduz a diferença entre os sons mais altos e os mais suaves em uma música. Como muitos de seus colegas de profissão, Bendeth acredita que utilizar esse efeito pode obscurecer detalhes sonoros, roubar a força emocional da música e deixar os ouvintes com o que os engenheiros chamam de "fadiga auditiva". "Acho que quase tudo hoje em dia é masterizado um pouco alto demais", diz Bendeth. "A indústria decidiu que vivemos uma competição por volume."

Produtores e engenheiros chamam isso de "a guerra do volume", e ela tem mudado o som de quase todos os álbuns de rock e pop. Mas o volume não é a única questão. Programas de computador como o Pro Tools (que servem para que os engenheiros de som manipulem o som do mesmo jeito que um Word edita texto) fazem com que os músicos pareçam perfeitos, de uma forma não natural. E os ouvintes de hoje consomem uma quantidade cada vez maior de música em MP3, formato que elimina muitos dos dados existentes no arquivo original do CD e pode deixar o som metálico ou oco. "Com todas as inovações técnicas, a música ficou pior", diz Donald Fagen, do Steely Dan, banda que produziu discos notórios pela alta qualidade sonora. "Deus está nos detalhes. Mas eles foram apagados."

A idéia de que os engenheiros fazem álbuns com o volume mais alto parece estranha: o volume não é controlado por um botão em seu aparelho de som? Sim, mas cada movimento naquele botão comanda uma escala de volume, do vocal abafado à caixa da bateria - e arrastar o som para o alto da escala faz com que a música fique mais alta. É a mesma técnica usada para que os comerciais de TV fiquem mais alto do que os programas. E isso captura a atenção do ouvinte - mas tem um custo. No ano passado, Bob Dylan declarou à Rolling Stone que os álbuns atuais "estão cheios de sons. Não há definição de nada, nem de vocal, nada, parece tudo... estática".

Em 2004, Mary Guibert, a mãe do músico norte-americano Jeff Buckley (falecido em 1997), escutou a fita original das gravações de Grace, o principal disco lançado por seu filho. "Estávamos ouvindo instrumentos que nunca dava para ouvir no disco lançado, como os pratos de mão ou o som das cordas da viola", ela se lembra. "Fiquei espantada porque era exatamente aquilo o que ele tinha ouvido no estúdio."

Para desapontamento de Guibert, a versão remasterizada de Grace, lançada em 2004, não conseguiu captar a maioria desses detalhes. Assim, no ano passado, quando organizou a coletânea So Real: Songs from Jeff Buckley, ela insistiu em ter um consultor independente para supervisionar o processo, além de um engenheiro de masterização, que iria reproduzir o som que Buckley fez no estúdio. "Agora, dá para ouvir os instrumentos distintos e o som da sala", ela diz, sobre o novo lançamento. "A compressão borra tudo."
Fonte (www.rollingstone.com)

Meu comentário: Concordo em gênero numero e grau.

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